MUSSURUMIM de Gilberto Abrão (Ed. do Autor, 2021) é um romance, ambientado no Brasil, no século XIX e início do XX. A obra nos apresenta a saga de uma família africana, de etnia huaçá e muçulmana, separada por uma guerra tribal e vendida como escrava para o Brasil.
A história é narrada em terceira pessoa e acompanhamos a vida de duas protagonistas, Nabila e Bahija, que têm a vida transformada pela escravidão. Bahija, descendente de reis e guerreiros hauçá, é uma mulher forte, altiva, que se vê arrancada da segurança de sua aldeia no dia em que se casaria com seu amado Yussufu.
Nabila, cunhada de Bahija, é separada do marido Mussa, com seus filhos. Amantes, filhos, irmãos, todos apartados, como se não houvesse entre eles o amor e o sentimento que une uma família.
Uma das partes que mais me tocou na história é a forma com que eles encontram consolo em sua fé, sempre muito presente em toda a narrativa e como descobriram uma forma singela de se comunicarem, enquanto separados. É muito marcante a força e a cultura Islâmica, um panorama vivo de como é a fé bem vivida.
Acompanhamos a adaptação de pessoas livres e cultas à escravidão, quando precisam abrir mão de toda sua identidade, mas vão lutar para manter-se dentro dos costumes que lhes ensinou o Alcorão.
É um romance delicado, com protagonismo feminino, lançando nova perspectiva sobre os anos em que nosso país viveu às custas da vida, suor e do sangue dos africanos e seus descendentes.
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