terça-feira, 30 de outubro de 2012

Não estamos sós, Manny!

Manny, o mamute solitário
No filme de animação A Era do Gelo 2 (2006), o mamute Manny vive a triste sina de ser o último de sua espécie. É o que todos lhe dizem, embora ele não queira acreditar. Ser o último significa que, ao morrer, não apenas você, mas toda a sua linhagem deixa de existir. Ser o último também significa estar sozinho no mundo, sem outros como você. Todos somos únicos, mas ninguém quer ser o único sozinho.
Nossa família vivia este dilema também. Por anos, procurei descendentes da família Koseritz, alguém com o sobrenome, que parecia haver se extinguido com a morte das filhas de Carlos von Koseritz. Kurt e Tony, os irmãos de Carlos,  não deixaram herdeiros. Uma solidão mundial me invadia. Não haveriam outros, no mundo todo? Éramos uma célula única?
Mas assim como para Manny, um dia a nossa solidão terminou. Sim, haviam outros de nós, outros apaixonados pela família Koseritz e seu legado, pares que também nos buscavam!
Brasão da Família Koseritz
A internet e o Facebook facilitaram o encontro da família Koseritz brasileira e a alemã, sendo o único entrave real o idioma, obstáculo facilmente ultrapassado pelos tradutores simultâneos, embora não sem algum ruído na comunicação... Coisas que, na alegria da descoberta, não têm a menor importância!
Identifiquei-me com Manny e sua solidão universal. Senti-me como Manny, e sua descoberta de um futuro promissor. Assim como Manny, apaixonei-me por esses outros de nós. Tê-los agora, entre meus amigos virtuais é muito bom!
Sejam bem vindos, queridos primos! É muito boa a sensação de não sermos mais sós!

                        Sílvia Meirelles Kaercher, uma Koseritz!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

À Carolina, com amor

São 147 anos!
Era um dia 23 de outubro de 1865 quando nasceu a primeira filha de Zeferina e Carlos von Koseritz. Uma menina, de pele rósea e delicadas feições. Desde muito cedo, atraiu as atenções e o amor do pai, aprendendo com ele o idioma alemão, e sendo sua companheira, um verdadeiro "anjo", como descrevem seus contemporâneos.
Carolina cresceu em um ambiente favorável ao desenvolvimento de suas aptidões literárias. Grandes e ilustres personalidades de sua época frequentavam a casa de seus pais e os saraus e debates eram comuns em seu dia-a-dia. Alimentou o espírito criativo diretamente da fonte mais proeminente daquele tempo: seu pai.
Dedicou-se com afinco à tradução de grandes clássicos da época, tanto em língua alemã quanto na inglesa, e recebeu reiterados elogios por sua atuação. Marcou seu próprio nome na História da Literatura Nacional, sendo ainda uma moça.
Mas a vida não foi complacente com Carolina. A felicidade parece ter quebrado os laços com a jovem escritora. A maturidade trouxe-lhe grandes dissabores, tragédias e dores. E, acima de tudo, o arrependimento, a sensação de que desperdiçara a existência.
Mas hoje não é dia de lembrar a tristeza, e sim de comemorar a vida de uma mulher corajosa  e apaixonada, que, com seus erros e acertos, deu origem a uma família que a admira e se orgulha de seus feitos. Somos, uma parte de nós, fruto de seus erros, de seu sofrimento, de seus pecados. Mas quem de nós não erra, não sofre, não peca? Aponte-me um e lhe direi: não vive!
Que de onde estiver, essa extraordinária mulher possa receber o nosso amor, nosso carinho e nosso agradecimento. Foram seus erros que nos trouxeram aqui, mas são seus acertos que nos levam além!

FELIZ ANIVERSÁRIO, MINHA ADORADA CAROLINA!

                                                                                                            Silvia M. Kaercher

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O advogado Koseritz

Dentre as mais variadas atividades que Carlos von Koseritz exerceu, pouco destaque se deu à sua profissão de advogado.
Recém chegado da Europa, em 1851, dedicou-se a aprender o idioma nacional e assim que o dominou, trabalhou como guarda-livros, professor, médico leigo, jornalista, escritor, empresário, político e advogado. Exercia suas funções muitas vezes de forma conjunta, de onde não se podia separar o advogado do professor e nem mesmo o jornalista do empresário. Sustentar sua família requeria recursos e fontes diversas...
Uma de suas mais destacadas causas foi na questão dos Muckers. Apesar de haver se posicionado contra o movimento religioso, foi advogado de vários envolvidos no episódio durante o processo que se sucedeu à morte de Jacobina Maurer e seus devotos.
Abaixo, um anúncio, publicado no Koseritz Deutsche Volkskalender, em que Carlos von Koseritz oferece seus préstimos como advogado. Seu escritório ficava à rua General Câmara, nº 2, em Porto Alegre/RS.

sem data


Carolina von Koseritz, a Carola

Carolina von Koseritz foi uma mulher à frente do seu tempo e isso se deve, muito, à convivência com o pai. Nascida em 23 de outubro de 1865, em Porto Alegre, desde cedo teve sua aptidão literária estimulada, numa época em que as mulheres não se destacavam na sociedade, há não ser por seus casamentos e filantropias. Falava, escrevia e traduzia várias línguas: alemão, inglês, francês, latim, espanhol.
Com o pai, Carolina engajou-se no movimento abolicionista, no estudo da filosofia espírita, no desenvolvimento cultural da Província e na divulgação dos ideais germanistas.
Sua produção literária é admirável. Com treze anos ganha seu primeiro concurso de poesias e passa a receber atenção privilegiada do pai, secretariando-o. Ainda na adolescência, traduziu e publicou vários contos dos clássicos alemães e ingleses. Aos 18 anos, em viagem ao Rio de Janeiro, traduziu e publicou “Réquiem”, um poema do poeta austríaco Dranmour, prefaciado por Sílvio Romero. A crítica da época aplaudiu a “quase menina”.
A partir daí, seguem-se várias publicações de contos próprios e traduções: Hermann e Dorothéa, de Goethe; Excelsion, de Langfellow; Relíquias Vivas, de Turguenoff; Manfredo, Oscar e Masera, de Lord Byron; O Grilo da Lareira, de Charles Dickens.
São produções suas: Uma dor de cabeça; A freira; Um perfil; Uma flor Fenecida; A vingança das Flores; Risos e Sorrisos; Antigualhas e Episódio Obscuro.
A maior parte de suas produções está distribuída pelas páginas corroídas e amareladas dos jornais da época, como o Jornal do Commércio, Koseritz Deutsche Zeitung e Mercantil e escondidas sob pseudônimos. Alguns contos aparecem nas Revistas Kodak e Norte-Sul. Comenta-se que na Biblioteca Nacional existam livros seus.
Conforme descreve sua pesquisadora, Hilda Agnes Hübner Flores, Carolina von Koseritz “pertence ao pequeno grupo de mulheres intelectuais que integraram o romantismo das últimas décadas do século XIX. Tradutora poliglota, enriqueceu o Brasil com literatura alternativa face à dominância do francesismo cultural.
O pioneirismo de Carolina revela-se na projeção da capacidade feminina além dos umbrais domésticos, em busca do lugar adequado que cabe à mulher na sociedade atual.”
Carolina Von Koseritz é nome de rua em Porto Alegre e patrona da cadeira nº. 15 da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul.
Carolina e seus filhos, João e Carlos