quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Meu primeiro amor

Ontem encontrei um velho amigo. Mas velho mesmo, de 30 anos atrás. Ontem encontrei meu primeiro amor.
Lembro-me de quando o vi pela primeira vez. Foi na Feira do Livro de 1983, em Novo Hamburgo/RS. Eu tinha 10 anos. Passeava pela feira com uma amiga, por entre as tendas, mexia aqui, lia ali, bem como fazem todos os visitantes de feiras mundo a fora... 
Mas, então, o vi. Toquei-o, displicentemente, talvez sem carinho, com certeza sem amor, num primeiro momento. Aos 10 anos tudo nos é relativamente novo, até os amores.
Pouco lembro do cenário à minha volta, do tempo, das pessoas. Algo sobre uma banca com assoalho e paredes de madeira dança em minhas lembranças. Mas dele, o meu primeiro amor, lembro até os versos que me conquistaram:

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos,
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor, mais breve ainda...

Meu primeiro amor foi o livro "Esconderijos do Tempo", de Mario Quintana, que comprei naquela feira, aos 10 anos. Jamais o esqueci, por toda a vida. E ontem reencontrei-o, amarelado, envelhecido, manuseado... De certo, está feliz!

            Silvia Meirelles Kaercher